terça-feira

Pressionado, Mercadante coloca cargo de líder do PT no Senado à disposição

MÁRCIO FALCÃO
GABRIELA GUERREIRO
Folha Online, em Brasília

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), colocou o cargo à disposição da bancada nesta terça-feira. Pressionado por senadores do partido a substituir os integrantes do PT no Conselho de Ética, Mercadante disse a aliados que não está disposto a realizar trocas com o objetivo político de beneficiar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) --por isso prefere se afastar da liderança.

Duas das três cadeiras de titulares do PT estão vagas no Conselho de Ética. Os senadores Ideli Salvatti (PT-SC) e Delcídio Amaral (PT-MS), que são suplentes, vêm sendo pressionados para assumirem as cadeiras como titulares. Os dois, no entanto, não estão dispostos a votar como titulares e assumir a posição pró-Sarney, sofrendo desgaste junto à opinião pública. Ideli é candidata ao governo catarinense, e Delcídio, à reeleição. O PT é considerado pela oposição como o "fiel da balança" no julgamento das ações contra Sarney. Se os três petistas votarem com a oposição, os processos contra o presidente do Senado podem ser instalados.

Uma das alternativas em análise pelos petistas é deixar que uma das suplências do partido seja repassada para outra legenda do bloco --que ainda é formado por PR, PSB, PC do B e PRB. Pelo quebra-cabeça dos petistas, a vaga poderia ser entregue ao senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) ou ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) --que estariam dispostos a votar pró-Sarney no conselho.

Em reunião com o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), Ideli e Delcídio teriam reclamado da postura de Mercadante, que insiste para que os dois assumam as vagas no conselho. O líder, por sua vez, disse não estar disposto a mudar as indicações da legenda para o Conselho de Ética do Senado com o objetivo claro de beneficiar o presidente da Casa.

Ao saber do pedido dos colegas, Mercadante decidiu colocar o cargo à disposição. O líder do PT teria dito a interlocutores que se recusava a fazer a troca. "Fazer esse tipo de coisa, tem que ser outro líder", disse o petista segundo relato de aliados.

Delcídio confirmou a reunião com Berzoini, mas criticou a postura de Mercadante. "Como coloca uma posição dessa sem estar sendo discutida conosco?", afirmou. O senador disse que foi "surpreendido" pela decisão do líder da bancada --que estaria "atropelando" os outros senadores petistas.

Enquanto o líder se mostrou favorável ao afastamento temporário de Sarney da presidência do Senado, os petistas vêm sendo pressionados pelo Palácio do Planalto para ficarem ao lado do PMDB --partido que está na mira dos petistas para uma aliança na disputa à Presidência da República.

Recursos

O presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), marcou reunião nesta quarta-feira para colocar em votação os 11 recursos apresentados pela oposição contra o arquivamento sumário das acusações que envolvem Sarney. No mesmo dia, o conselho também vai analisar recurso do PMDB contra o arquivamento de denúncia que acusa o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) de quebra de decoro parlamentar.

As representações contra Sarney que foram arquivadas tratam do suposto envolvimento do senador com a edição de atos secretos no Senado, da suspeita de que teria interferido a favor de um neto que intermediava operações de crédito consignado para servidores da Casa e de ter supostamente usado o cargo em favor da fundação que leva seu nome e mentido sobre a responsabilidade administrativa pela fundação.

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