Inflação sobe e mercado eleva estimativas para índices e juros em 2008

Reuters/Brasil Online

Dois índices divulgados nesta segunda, pela manhã, mostram que a inflação ainda está a todo vapor. O principal deles, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 1,88% em maio, contra alta de 1,12% em abril, segundo a Fundação Getúlio Vargas . O percentual, o maior desde janeiro de 2003 (quando teve alta de 2,17%), ficou acima das expectativas de economistas para o mês.

No atacado, os produtos agrícolas expandiram-se 2,47%, bem acima do 0,08% registrado em abril. Os produtos industriais passaram de um avanço de 1,77% para 2,13%. Já para o consumidor, a alta também foi maio na alimentação: o grupo influenciou especialmente na aceleração ao ir de 1,69% em abril para 2,33% em maio. Vale citar o comportamento da taxa dos itens: hortaliças e legumes (5,48% para 10,20%), arroz e feijão (-3,47% para 4,57%), carnes bovinas (1,28% para 3,97%) e aves e ovos (-2,41% para 1,68%),

Também foi divulgado o resultado do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) que, na primeira leitura de junho, ficou em 1,12%, o mais alto desde a primeira leitura de fevereiro de 2004, quando ficou em 1,22%.

Mercado já prevê juros de 14% no fim do ano

A alta contínua da inflação fez com que o mercado financeiro brasileiro elevasse mais uma vez suas estimativas para os índices de preços e juros em 2008, de acordo com pesquisa semanal divulgada nesta segunda-feira.

No levantamento feito pelo Banco Central, os analistas consultados elevaram para 5,55%, contra 5,48%, a estimativa para a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), bem acima da meta de 4,5% perseguida pelo governo para este ano. Para 2009, a estimativa para o IPCA foi mantida em 4,6%.

Com a expectativa de uma inflação maior, o mercado prevê agora taxa Selic a 14% no fim do ano. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, situando-a em 12,25%. Para que se confirme a estimativa do mercado em 2008, o comitê tem espaço para elevar os juros em cada uma das próximas quatro reuniões que ainda restam no ano.

Inflação maior

Além do IPCA, o mercado elevou para cima a previsão para todos os outros índices de inflação neste ano. Os analistas consultados pela autoridade monetária prevêem IGP-DI de 9,01%, maior do que os 8,92% previstos anteriormente. No IGP-M, a perspectiva é de alta de 8,73%, ligeiramente acima dos 8,70% do relatório passado. O prognóstico para o IPC da Fipe passou de 4,99% para 5,50%.

Em maio, o IPCA deve ter ampliação de 0,63%, pouco mais do que o 0,61% esperado anteriormente. Neste mês, este indicador deve subir 0,45% contra expectativa de 0,41% contemplada no documento antecedente.

A expectativa para a inflação oficial em 12 meses também foi ligeiramente elevada, passando de 4,79% para 4,81%.

Também foi ampliada a expectativa para o IPC da Fipe em 12 meses, que passou de 4,38% para 4,54%. Quanto ao IGP-DI em 12 meses, a projeção foi diminuída, de 6,53% para 6,26%. O IGP-M em 12 meses deve subir 5,73%, menos do que o 5,81% aguardados antes.

Os analistas consultados pelo BC estimam ainda que o IGP-DI deve ampliar-se 0,90% em junho, ou 0,05 ponto percentual acima da taxa calculada no boletim passado.

O IGP-M deve expandir-se 0,95%, sem mudança. A perspectiva é de que o IPC da Fipe marque 0,45% de alta neste mês frente ao 0,40% pensado antes.

Para a balança comercial, o mercado reduziu, pela segunda semana consecutiva, a estimativa de superávit. Em 2008, o resultado positivo deve ser de US$ 23 bilhões, contra US$ 24 bilhões da pesquisa anterior. Em 2009, a expectativa se manteve em US$ 15 bilhões.