Será que o culpado pelos grampos foi algum mordomo da Abin?

Neste Brasil do governo Lula, desde 2002 não se vê nenhum servidor ou chefe ou qualquer autoridade (veja-se o próprio presidente Lula, que nunca sabe nada, não viu nada, vai mandar apurar "doa a quem doer" e não apura nada) que admita alguma coisa. E quando chega-se à conclusão de que existiu o delito, aparece logo o nome de um servidor chinfrim, coitadinho, que leva a culpa. Lembram do vazamento dos dados sobre o governo FHC, a propósito dos cartões corporativos? Apareceu quem fez o vazamento, mas ele disse que nenhum chefe ou a ministra Dilma o mandara fazer.

Claro, gente! Se o sujeito admitir, é logo desmentido e posto na rua, na melhor das hipóteses. Lembram do caso do prefeito Sérgio Daniel? E qual chefe, ministro, ou seja o que for, admite alguma coisa? Mas esse depoimento do ministro Jorge Felix é o cúmulo. Ele diz que a Abin nada fez e se houve algo foi algum servidor, clandestinamente.

Mas é claro! Vocês acham que ele "daria nome aos bois", macaco velho que é, general em fim de carreira? Ele e os demais vão jurar até o fim, inclusive sobre a Bíblia, que a Abin não fez nada; e o governo Lula nada sabe.

E se alguém fez alguma coisa, foi um "araponguinha" lá de baixo, que vai calar a boquinha e será demitido, isto é, pedirá demissão (virou moda em Brasília). E todos os deputados e senadores dirão que tudo está resolvido, terminam a CPI e o relatório final será uma autêntica pizza. Ou vocês acham que a CPI implicará algum figurão do governo Lula?

Devo lembrar-lhes que, em casos idênticos, narrados em livros de suspense, a culpa sempre cai num mordomo qualquer. Será que a Abin tem algum mordomo?

Este texto foi escrito por um leitor do Globo Online, Jo Rodrigues, publicado em 10/09/2008. Quer participar também e enviar sua notícia? Aqui
Imagem: caetanovilela